Pandemia
O mundo mudou com a chegada do vírus, diante de uma crise global, no meio de uma pandemia, a indústria da música que movimenta bilhões está na UTI. Artistas, trabalhadores e empresários da música estão se reinventando para não passar fome e continuar com suas carreiras.
O rapper Emicidó, 23 anos nos contou como é ser músico em meio aos caos do coronavírus e os desafios enfrentados para superar essa fase. "A pandemia foi um choque para todos, saí da minha zona de conforto e busquei amadurecer e me reinventar dentro da minha especialidade como músico."
Nascido na comunidade de Santa Cruz, em Salvador/BA, desde criança foi influenciado por rappers nacionais e internacionais, dentre eles Dexter, Facção Central, Racionais Mc's, Sabotage."Eu não decidi virar rapper, quando fui ver minha vida, eu já era. Vivi na pele meus amigos sofrendo preconceitos ou sendo assassinados, tudo isso me levou a escrever e a cantar, e colocar na música tudo que eu preciso desabafar."
"Eu vivo o RAP, sei quanto é desgostoso a criminalidade, a desonestidade, o déficit na saúde, o rombo na alimentação, o ódio impregnado nas vielas contra as conjunturas sociais. Vi de perto pessoas passando dificuldades, transformando e ganhando espaço, sempre presenciei situações difíceis e tudo isso me influenciou bastante em ser realmente humano, que busca ajudar e amar tudo que eu faço e respeitar cada pessoa independente de quem ela é. " disse Emicidó.
O artista não teve influência familiar, no entanto filho mais novo de três irmãos, sempre participaram dos eventos no bairro, liam juntos os livros e sabiam que a sua mudança de vida só poderia evoluir com o estudo. Atualmente, com o retorno dos shows e eventos, o rapper trabalha para si mesmo e tem o tempo que necessita para produzir, mas decidiu esperar o momento certo de voltar para área da música.
"Ainda hoje, não voltei mais para a área da música. Estou focando em projetos que empreendi na pandemia e vou esperar mais um tempo para me estabilizar mentalmente para voltar a escrever, criar novos beats e críticas ou falar sobre a sensibilidade do momento atual. Digamos que ainda estou precisando de um tempo para encarar tudo novamente e estar no auge das hashtags e comentários (publicações)." disse Emicidó.
O músico completa "Sou passageiro da minha história e em hipótese alguma aceito qualquer tipo de discriminação de raça, cor, gênero, deficiência física ou psicológica. Somos todos iguais, a cada passo da nossa luta pelos nossos direitos e só de pensar nisso, é uma vitória para o mundo."
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