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ENADE: Professor Leonardo Campos versa sobre Meio Ambiente, Sustentabilidade e Intervenção Humana

Atualizado: 29 de out. de 2022

Enade em Foco: Em um bate-papo com o editor Ronaldo Anunciação, o professor e crítico de cinema Leonardo Campos nos apresenta mais um conteúdo integrador


Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

Professor Leonardo: para o encontro sobre Meio Ambiente, Sustentabilidade e Intervenção Humana, você trouxe uma abordagem ainda mais dinâmica que as anteriores, inserindo repertório cultural nos 10 tópicos apresentados. Expõe para os nossos leitores, inicialmente, os conceitos que interligam esta linha de Atualidades e Conhecimentos Gerais do ENADE?

Como já dialogamos em encontros anteriores, repertório cultural é algo fundamental para ampliação dos nossos Conhecimentos Gerais, nos permitindo exercer a cidadania com postura mais crítica, além de melhorar nosso vocabulário, escrita e, consequentemente, nos tornar profissionais mais habilidosos. Os três conceitos, basicamente, dialogam com a ideia de necessitarmos de propostas assertivas para preservação do meio ambiente, em dinâmicas sustentáveis que amenizem os impactos da intervenção humana. Inundações, extinção de espécies, diminuição de mananciais, erosões, poluição, mudanças climáticas, chuva ácida, deterioração da camada de ozônio. Num contexto em que ainda há pessoas que inacreditavelmente aceitam desinformações do tipo “a Terra é plana”, lidar com a conscientização destes temas é algo bastante complicado. O meio ambiente, como sabemos, é todo o espaço que habitamos. A sustentabilidade reflete a necessidade de criarmos estratégias de intervenção que permita a recomposição do nosso ecossistema, pois tais problemas mencionados anteriormente potencializam o aumento do número de doenças e afeta a nossa qualidade de vida. Essas alterações causadas pela intervenção humana no meio ambiente ameaçam o futuro das próximas gerações, já com impactos garantidos desde agora. O que se propõe, quando se discute este assunto, é recorrer ao equilíbrio para amenizar os problemas que estão para chegar. Em nossa Constituição, especificamente no artigo 225, o documento alega que todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, sendo o poder público e a coletividade, ambientes responsáveis por assegurar a preservação de espécies para as gerações futuras. O meio ambiente é a dimensão ecológica da dignidade humana, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas, compreendendo o conjunto interativo de elementos naturais, culturais e do trabalho que propiciam o sadio e o equilibrado desenvolvimento de todas as formas de vida. Esta última parte não são exatamente minhas palavras, mas adaptações do que está registrado nestes documentos oficiais repletos de conceitos.

Quando versou sobre Problemas de Poluição e Impacto na Saúde, você reforçou que este não é apenas um ponto preocupante para o Estado, ONGS e afins, mas para os cidadãos comuns também?

Hoje vivemos, como nunca, um momento de fluxo constante de informações, por isso é tão complicado dar conta de tópicos temáticos sobre Conhecimentos Gerais. No entanto, nós, como cidadãos habitantes das zonas urbanas, local por onde pavimentamos as nossas jornadas, precisamos lidar com tais assuntos, nem que seja para se ter uma ideia geral para saber se articular numa conversa. Se nós enfrentamos os dilemas dos diversos tipos de poluição, desde as “rinites” atacadas aos casos de infestação de insetos e animais que são transmissores de doenças perigosas, compreende sobre o básico sobre poluição e seus impactos na saúde é como se fosse uma obrigação, pois impacta direto em nossas vidas e a reflexão sobre o tema assegura maneiras de sabermos como lidar para ser um agente colaborador do meio ambiente, da sustentabilidade e da intervenção humana consciente. Conforme dados da ONU, 90% da humanidade respira ar poluído e consome água contaminada. Depurar águas residuais, diminuir a descarga de resíduos e minimizar os produtos químicos em diversos setores de nossa sociedade é um dos caminhos que dialogam com a Agenda ONU 2030, um projeto para assegurar um meio ambiente mais limpo e ecologicamente prospero em nosso futuro. Wall-E, animação da Pixar, lançada em 2008, é uma ótima opção para debatermos o assunto. A produção se passa em um futuro distópico, com a humanidade lidando com as consequências do entupimento de nosso planeta em decorrência do lixo, material responsável por contaminar e inviabilizar toda e qualquer forma de vida. Diante desta situação, os humanos foram morar em uma nave gigantesca. A animação nos demonstra a importância de cuidar do lixo, isto é, atuar com a reciclagem, reaproveitamento e redução de danos e de produção. Além disso, é possível citar Wall-E quando o assunto for qualidade de vida, já que os humanos se tornam, mediante as circunstâncias apresentadas, indivíduos sedentários, preocupados apenas com o que passa em suas telas e com o que comer, em linhas gerais, mergulhados na caudalosa alienação.

A maioria dos participantes não sabia o significado de mitigação. Expõe para os nossos leitores?

Basicamente, a mitigação, em meio ambiente, consiste em intervenções que tem em sua proposta, reduzir ou remediar os impactos nocivos da atividade humana nos meios físico, biótico e antrópico. São medidas orientadas através de legislação específica, que propõe avaliar as possíveis consequências de ações humanas, com o objetivo de evitar/prevenir a ocorrência de efeitos indesejáveis ao meio ambiente. Sobre este tópico, não precisa o indivíduo decorar particularidades do Acordo de Paris, por exemplo, mas entender que há décadas as emissões de gases na atmosfera têm causado o aquecimento global, numa dinâmica ameaçadora para todas as formas de vida que habitam o nosso planeta, causando também transtornos meteorológicos, tais como períodos de seca fora de época, inundações e incêndios. Cowspiracy: O Segredo da Sustentabilidade é um documentário bacana para entender uma das facetas do assunto, pois o documentário reflete os impactos da agropecuária em diversas nuances, inclusive no aquecimento global. Outra produção interessante é Em Busca dos Corais, documentário que nos apresenta uma equipe de cientistas, mergulhadores e fotógrafos numa jornada em alto mar, tendo em vista desvendar o que está causando o desaparecimento de recifes de corais ao redor do mundo. O resultado desanimador ilustra o que é o aquecimento global e como ele é prejudicial ao planeta. A obra apresenta, portanto, os efeitos das mudanças climáticas no mundo e como ela afeta não só os humanos, mas o ecossistema de maneira geral. Dentre as causas, temos a poluição marinha, turismo desordenado, bem como despejo de águas impróprias, além pesca predatória, dentre outros, problemas que me fazem jogar a pergunta para os estudantes participantes: é só mais um mero assunto de prova ou uma preocupação para todos nós?

A proteção aos oceanos foi um tema que levou maior tempo e parece ter sido apresentado com mais paixão. Algo pessoal?

Eu sou um apaixonado por vida marinha, até porque a praia é meu lazer predileto. Tenho inclusive uma tatuagem de tubarão no antebraço esquerdo (risos). Mas sigamos para a reflexão: os mares estão se tornando cada vez mais, aterros para plástico. Ecossistemas inteiros deteriorados por três grandes problemas: poluição, pesca predatória e aquecimento global. Constantes derramamentos de combustíveis, efluentes contaminados por despejo de águas impróprias, acidificação dos oceanos, causada pelo aumento da temperatura. Neste tópico, utilizo sempre Seaspiracy, documentário disponível pelo streaming Netflix, e Rebelião de Tubarões, produção que analisa as hipóteses para os incidentes com tubarões na orla da Boa Viagem, no Recife. No primeiro, descobrimos que uma gigantesca rede de corrupção sustenta a pesca marítima. O dióxido de carbono, campanhas contrárias ao uso de canudos de plástico e outras propostas são importantes, mas o maior dano para a vida marinha, comprovado cientificamente, é a pesca industrial. Pouca gente sabe disso, mas os efeitos predatórios são devastadores e tornarão o planeta impossível de ser habitado num futuro não muito distante. Essa é a necessidade dramática de Ali Tabrizi, o responsável pela direção, texto, edição e pesquisa em torno de Seaspiracy: Mar Vermelho, um documentário revelador, intenso e até demasiadamente agitado, conectado com as demandas narrativas da contemporaneidade. Didático, o documentário traz um manancial considerável de gráficos, ajudando na assimilação de tudo que é narrado. Dinâmico, Rebelião de Tubarões abre com recorte de jornais e resumo panorâmico das condições ambientais do “espaço cênico das reflexões”. Uma das estratégias é apresentar ao público as duas espécies apontadas como responsáveis pelos incidentes no Recife: o tubarão-tigre e o tubarão cabeça-chata. No primeiro caso, temos um animal que come de tudo que encontra nos oceanos, de carcaças, latas de tinta e até mesmo almofadas de embarcações já foram encontradas em seu interior. Entre regiões fluviais e mares abertos, o segundo caso é uma das vítimas da ação humana no meio ambiente. Expostos ao público, tais espécies são estudadas no Brasil e no exterior, numa impressionante análise que nos apresenta interações totalmente pacíficas entre os mergulhadores e tais animais. O que faz, então, as espécies que patrulham parte do litoral pernambucano a agir com tanta agressividade? Para compreender a agressividade das espécies que atacam em Recife, Lawrence Wahba passou 11 meses em investigação noutros mares, isto é, nas Bahamas, em Cuba, na Flórida, além dos principais pontos da capital pernambucana. Autor de Dez Anos em Busca dos Grandes Tubarões, Wahba é alguém que entende do conteúdo e constrói uma análise coesa e sem fragilidade discursiva. Em sua opinião, baseada em dados empíricos, o homem é o grande culpado pelos problemas, afinal, alguns aterros impediram que os tubarões encontrassem uma zona adequada para a sua reprodução. Há também a história do matadouro que eliminou as vísceras de sua produção no mar, algo que ajudou na manutenção e atração das espécies que atacam.

Durante a sua exposição, nos tópicos Transição energética e energias renováveis, bem como proteção à biodiversidade, um dos participantes declarou que estas seriam preocupações demais para o cidadão comum dar conta, questionando o seu destaque para a necessidade de obtermos Conhecimentos Gerais para evoluirmos intelectualmente. Pode descrever para os nossos leitores as pontuações que fez em sua palestra?

Os estudantes, geralmente aqueles dissociados de rotinas assertivas de estudos, esquecem que tais tópicos temáticos são preocupações da sociedade toda, de maneira geral, não apenas um conteúdo para prova ou aulas de Humanidades. Perdemos tanto tempo vivendo exclusivamente como espectadores de postagens pouco úteis nas redes sociais, então podemos investir um pouco da nossa disponibilidade para entender de assuntos diversificados. Hoje, no fluxo de informações que recebemos diariamente, torna-se complicado estabelecer uma rotina assertiva, mas com organização, tudo se ajusta. Discutir transição energética e energias renováveis é debater sobre os 60% que energia representa na emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. Calcula-se que 13% da humanidade não tem eletricidade e mais de 3 bilhões de pessoas dependem de combustíveis fosseis para cozinhar. Como lidar? É um problema bastante complexo. É preciso propostas de intervenção mais eficientes e constantes, aplicadas além da teoria. Para um modelo mais limpo, acessível e baseado em fontes renováveis, dialoga-se com a transição energética, com formação de comunidades mais sustentáveis e inclusivas. Além das charges e infográficos, neste tópico, exibo trechos e indico documentários, tais como Futuro Energético, de 2010, narrativa que analisa a geração de energia a partir de combustíveis fósseis, uma realidade que deve mudar, pois além dos impactos negativos promovidos pelos gases do efeito estufa, tais reservas de petróleo já mostram sinais de escassez diante da alta demanda energética mundial. Em Power: O Poder da Energia, conhecemos a história de importantes nomes que dedicaram suas vidas para encontrar novas formas de se obter energia, dentre eles, Nikola Tesla, Alexander Graham Bell, Eugene Mallove e Rudolf Diesel, personalidades que utilizaram a criatividade e conhecimento para desenvolver novas técnicas de geração de energia. Tem também Uma Verdade Inconveniente, um “clássico” moderno do tema.

Mas, e sobre a biodiversidade, para não esquecermos?

Ah, sim. Um número alto de espécies animais já desapareceu por completo, sendo a média de 22% de outras estão sob o risco de extinção, haja vista a destruição de seus habitats naturais, caça furtiva e introdução de espécies invasoras, de outros ecossistemas, causando transtorno ecológico por onde passam. A proteção das florestas, também ameaçadas pela intervenção humana, é um tópico importante neste debate. Nesta parte, reflito com os estudantes sobre impactos positivos e negativos da intervenção humana no meio ambiente. A construção de áreas de proteção ambiental se delineia como algo positivo, com campanhas de plantio de mudas, recuperação de áreas degradadas, mas para cada ação assertiva, temos uma extensão de destruição ainda maior para lidar. Nos debates ecológicos, geralmente se discute a intervenção necessária, isto é, consequência da simples presença do ser humano na natureza; a intervenção abusiva, conhecida por ser geradora de danos ambientais, classificados em danos reparáveis, irreparáveis e de difícil reparação; a intervenção conveniente, aquela que nos apresenta a humanidade a recolher aquilo que lhe é necessário para a sobrevivência, sem necessariamente devastar a natureza. E, a intervenção recuperadora, proposta que tem por objetivo, a recuperação ambiental nas linhas de planos para aprovação junto aos órgãos de controle do meio ambiente. Recentemente, tivemos o caso do peixe-leão, espécie que chegou ao Brasil e trouxe preocupação para especialistas, haja vista a sua estranheza em nosso ecossistema, uma entrada que poderá trazer sérios riscos ao meio ambiente no futuro, pois em sua instalação, as espécies presentes sofrerão impactos de readaptação.

Em mais um encontro, a sua jornada sobre educação e trânsito esteve presente no momento de abordagem do desenvolvimento urbano e mobilidade sustentável. Considera um dos temas mais amplos de suas linhas de trabalho?

Quando o assunto é urbanização e mobilidade, sempre comento a necessidade de mais áreas verdes, meios de transporte mais sustentáveis, trânsito dos automóveis em segundo plano, com prioridade para os pedestres. Sobre este tópico, indico o documentário Ciclocidades. Durante meu percurso de análise na seara das narrativas sobre mobilidade urbana nos últimos anos, o carro é sempre apontado como uma máquina de matar. Destrói o meio ambiente com as suas emissões de gases combustíveis, causa transtorno pelo volume nas vias de cidades despreparadas para o fluxo de condutores, dentre outros problemas que podemos ver em produções de maior orçamento e circulação, tais como Bike vs. Carros, Urbanized, Motoboys – Vida Loca, O Veículo Fantástico, Memória em Branco, Luto em Luta, etc. No desenvolvimento esteticamente precário, mas pedagogicamente utilitário de Ciclocidades, as questões são as mesmas, tendo como vantagem alguns tópicos adicionais. Há uma série de exposições sobre os conflitos entre ciclistas e motoristas, com depoimentos que apontam o desinteresse do estado no que diz respeito ao investimento em vias de deslocamento para bicicletas, num orçamento público e produção industrial nacional focado na ideia de desenvolvimento para as pessoas que possuem carros. Ser ciclista é algo mais aventureiro, menos adequado, segundo a visão hermética de pessoas que enxergam no automóvel o avanço da modernidade, sendo a bicicleta uma simbologia regressiva na escala evolutiva do homem capitalista. As discussões que gravitam em torno do uso de bicicletas e automóveis como recurso de deslocamento no cenário da mobilidade urbana são constantemente permeadas por posições maniqueístas. De um lado, há os interessados apenas nos carros como meio de circulação pelas artérias destes verdadeiros organismos vivos chamados de grandes metrópoles. Do outro, os ciclistas coagidos pelos recursos dominantes, pequenas células dentro de um sistema que envolve politicagem e outras forças opressoras. A pergunta que se estabelece diante do apresentado é a seguinte: não há alternativa que viabilize a coexistência de ambos, respeitados dentro dos limites de cada um? É preciso anular o uso do carro em sua totalidade ou tornar a bicicleta o grande inimigo dos condutores de automóveis?

O que você trouxe do encontro sobre Segurança Alimentar e Nutricional para versar sobre modelos alimentares mais sustentáveis? Foi um momento de inserção também do excesso populacional e da gestão de resíduos.

Para responder mais conceitualmente, vou para as descrições legais: conforme a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN (Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006), por Segurança Alimentar e Nutricional – SAN entende-se a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que seja ambiental, cultural, econômica, bem como socialmente sustentável. Para se alavancar um país, três fatores básicos precisam ser desenvolvidos: emprego para população, estabilidade de preços e educação pública de qualidade. Para um debate, gosto de dialogar com Insegurança à Mesa, série documental que reflete o retorno do Brasil ao mapa da fome mundial, Sobre o excesso populacional e a gestão de resíduos, a ONU prevê que a população mundial passe da faixa dos 8,5 bilhões de pessoas em 2030, algo que nos obriga a reduzir a geração de resíduos por meio de atividades de prevenção, redução, reciclagem e práticas de reutilização, bem como a aderência ao que está descrito na economia circular, tendo em vista minimizar os impactos na saúde e no meio ambiente, gerando um planeta habitado por cidadãos com práticas mais sustentáveis. Lixo Extraordinário e Revolixionários são ótimos documentários para reflexão.

Sendo este um dos encontros mais movimentados em termos de participação dos ouvintes, os fenômenos meteorológicos e o estresse hídrico também foram delineados como temas mais voltados para áreas específicas, sendo algo “demais” para alguém de cursos como Enfermagem, Comunicação Social e Direito se preocupar. A que atribui este posicionamento dos estudantes?

Acho que a resposta se assemelha ao que comentei na pergunta sobre biodiversidade, transição energética, etc. Leitura constante, o acompanhamento sadio das redes sociais, o consumo de telejornais e outros meios de comunicação. Este é o caminho para assegurar os Conhecimentos Gerais necessários para todos aqueles que desejam evoluir intelectualmente. Ademais, estresse hídrico, por exemplo, não é um assunto apenas para as pessoas da área de Humanidades. É algo que impacta em nosso cotidiano, afinal, estamos falando sobre a escassez da água, recurso vital que afeta mais de 40 da população mundial, indivíduos com acesso mínimo. Ademais, debater o tópico temático é refletir o quão o uso responsável de recursos hídricos melhora a produção energética, provém alimentos, protege a biodiversidade e diminui os impactos das mudanças climáticas. Sobre os fenômenos meteorológicos extremos, flertamos neste encontro com as ondas de calor em excesso, secas fora de época, furacões, tudo ocasionado pelo aumento da temperatura global. Neste trecho do encontro, indiquei A Lei da Água: O Novo Código Florestal Brasileiro, de 2012, produção, dirigida e escrita por André D’Elia, trata de questões sobre a importância da educação ambiental na vida dos brasileiros, para que no pleno exercício de suas respectivas cidadanias, as pessoas tenham como protestar e entender os rumos tenebrosos que acompanham a sua nação, neste caso, os problemas que surgiram com a aprovação do Novo Código Florestal em 2012. No que tange aos dados históricos e sugestões, o documentário é bastante didático e tenta ser panorâmico sem superficialismo. Conta-se que na era FHC o Brasil registrou os maiores índices de desmatamento, questiona-se que a regeneração de uma área com outro tipo de vegetação não atende a demanda da biodiversidade local, o que pode apontar tempo perdido, além da denúncia sobre os que realmente pagam as multas exigidas por leis, isto é, os pequenos empreendedores, pois os grandes magnatas passam ileso, principalmente aqueles que cometeram crimes ambientais até 2008, anistiados de suas dívidas com o estabelecimento do Novo Código Florestal, vetado parcialmente na gestão presidencial de 2012, mas ainda assim criticado, pois tratou-se de um veto pouco funcional e subserviente aos membros parlamentares que poderiam tornar-se ainda mais contrários ao governo vigente.

Em seu recorte, ao falar sobre gestão de resíduos, trouxe dados de sua experiência na gestão da rede social de uma administradora de condomínios, em vez de filmes ou charges.

Faço o recorte para essa especificidade justamente para ampliar ainda mais os Conhecimentos Gerais do estudante. A pessoa na posição de síndico deve ficar atenta ao que destaca a Associação Brasileira de Condomínios sobre a questão do lixo e da coleta de resíduos. Há três pontos que precisam protagonizar as ações ao longo da administração: primeiro, é preciso que o ambiente de coleta seletiva esteja sempre limpo e fechado, para evitar a entrada de insetos, tais como formigas, baratas, mosquitos, além de bichos perigosos para a saúde de todos, em especial, os ratos; segundo, torna-se preponderante o cuidado com armazenamento de papeis e plásticos, pois estes produtos são altamente inflamáveis e podem causar incêndios; por fim, o treino da equipe que vai manusear os materiais da coletava deve seguir os padrões de segurança, tendo em vista evitar possíveis ferimentos e outras ocorrências mais graves. Ademais, o pagamento por insalubridade deve constar na folha dos funcionários deste setor, pois é direito instituído por lei. Outro ponto importante deste processo é a educação ambiental no condomínio. Trazer vídeos nas assembleias, distribuir informativos nos meios de comunicação do local administrado e realizar postagens relevantes sobre o tema nas redes sociais podem ser alternativas para sensibilização dos moradores em prol da importância da coleta adequada de resíduos, algo positivo não apenas para o coletivo, mas também para a manutenção da limpeza e da postura cidadã dos indivíduos de cada unidade. “Meio ambiente e sustentabilidade”, como já mencionado, é uma palavra-chave para preocupação de todos, principalmente depois da pandemia iniciada no Brasil em 2020, ainda vigente quase dois anos depois, com desdobramentos que ainda não podemos mensurar com exatidão. Foi uma era que nos trouxe aprendizado e mudança de hábitos que carregaremos para o resto da vida. Por isso, estabelecer uma administração que demonstra consciência e preocupação diante deste tópico contemporâneo é algo satisfatório para todos os envolvidos, e, o profissional na posição de síndico, interessado em deixar um bom legado, deve conhecer bem tal assunto. Aqui é uma comprovação de tudo que venho retratando nos encontros sobre ENADE e Atualidades: a necessidade dos Conhecimentos Gerais.

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