São Paulo e Rio de Janeiro enfrentam mesmo movimento dos planos de saúde
Pacientes de Salvador estão relatando que, com o pós-pandemia, grandes planos de saúde nacionais, passaram por uma transformação significativa na abordagem aos exames médicos. Apesar das reclamações, a popularidade dos planos de saúde mantém-se elevada no Brasil, e na Bahia, em particular. No ano de 2023, o estado registrou uma adesão expressiva, contabilizando aproximadamente 1.683.159 beneficiários.
“A dinâmica de pagar mais e usar menos que predominava no período anterior ao Covid-19 foi abalada em 2022 e 2023, quando os indivíduos voltaram a procurar exames de rotina ou acompanhamentos mais constantes para lidar com as consequências pandêmicas”, explica a especialista Karina Santos, que intermedia fechamentos com os planos. “Essa mudança parece estar penalizando as clínicas, particularmente na Bahia, onde diversas estão sendo descredenciadas para a realização de exames”, conclui a profissional.
Riviane Rosales, 47 anos, tentou o exame de ultrassonografia em uma clínica baiana que preferiu não se pronunciar, e teve a solicitação barrada pelo plano de saúde. “Foram cortados exames de ultrassonografia, checagens vasculares e outros processos que são tão básicos para diagnósticos eficientes. Um absurdo”, desabafa. A paciente relata, ainda, que quando tenta ligar para fazer a queixa, enfrenta burocracias. “Eles jogam de uma pessoa para outra na ligação, e o paciente acaba desistindo”, exclama.
A situação se assemelha em São Paulo e no Rio de Janeiro. Segundo informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar, responsável pela fiscalização dos planos de saúde, os registros de reclamações apresentaram um aumento significativo nos últimos anos. Em 2020, foram documentadas mais de 12 mil queixas, número que cresceu para quase 16 mil em 2021 e ultrapassou os 25 mil em 2022. A tendência de elevação persistiu em 2023, alcançando mais de 13 mil reclamações até o mês de maio.
O desmarque frequente de exames no sistema de saúde tem gerado críticas de pacientes, que enfrentam dificuldades para reagendar e falta de suporte adequado. A soteropolitana Reidma Lima expressou sua indignação, afirmando: "É inaceitável a forma como estamos sendo tratados. Marcamos nossos exames com antecedência, e eles são desmarcados sem aviso prévio. Quando tentamos buscar ajuda, a resposta é evasiva e pouco esclarecedora. Estamos lidando com nossa saúde aqui, e merecemos mais respeito e consideração".
Valores exorbitantes e cortes de supetão na capital:
O impacto diário é sentido não apenas pelos pacientes, mas também pelas clínicas que investiram em atualizações com novos equipamentos. “A clínica na qual vou está cheia de novos aparelhos, sempre se atualizando, e não vai poder utilizá-los. Estão vendo exames essenciais serem cortados dos procedimentos cobertos pelos planos. O mais triste é que médicos estão saindo dessas clínicas por conta disso e isso afeta a saúde dos brasileiros”, exclama Eduarda Figueiredo, 79 anos, uma das baianas afetadas pela mudança nas políticas dos planos.
Eduarda conta que tem um plano de saúde desde 1995, e está pagando um plano individual de R$ 4.744,00, conseguindo arcar com o valor apenas por conta da aposentadoria.
“Parece que a cada ano, as despesas só aumentam, e está difícil manter esse compromisso. Isso é extremamente frustrante e desapontador. Estou pagando por anos, confiando na segurança do meu plano, e de repente, me vejo sem essa cobertura essencial”, exibe Eduarda.
As queixas de clientes de planos de saúde por descredenciamento de médicos, laboratórios e clínicas envolvem desde tratamentos de câncer até exames de sangue. "Além dos problemas físicos, precisamos lidar com a instabilidade nos agendamentos e isso afeta minha rotina diária.
A preocupação constante com os cancelamentos mexe com minha cabeça, e isso não é nada fácil. A organização da vida fica comprometida, e o peso emocional é enorme. Sem falar que a interrupção dos cuidados médicos regulares pode trazer complicações adicionais, aumentando os riscos", finaliza Riviane.
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