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Foto do escritorRonaldo Anunciação

Planejamento de Carreira em Perspectiva: Análise do filme Uma Manhã Gloriosa

Reflexões sobre resiliência e adaptação no mundo profissional, em um episódio do podcast com convidados especiais e participação de estudantes da disciplina de Planejamento de Carreira, analisando o filme Uma Manhã Gloriosa

Olá ouvinte. No terceiro episódio de Planejamento de Carreiras em Perspectiva, uma série com seis episódios envolvendo a temática em associação com reflexões cinematográficas, o professor Leonardo Campos traz considerações sobre planejamento de carreira na comédia dramática Uma Manhã Gloriosa. Além das lições presentes no filme, o podcast conta com a participação de alguns convidados especiais, docentes que versam sobre a importância do planejamento profissional e estratégico. Além de lições valiosas, o conteúdo ainda traz um grupo de estudantes da disciplina Planejamento de Carreira, da UNIFTC, indivíduos que contam as suas impressões sobre a narrativa ficcional em associação com tópicos trabalhados em aula.


Ouçam, aprendam, reflitam e compartilhem estas ideias, combinado?


Para acompanha-los nesta empreitada, vamos saber mais informações sobre o filme com a

análise do professor Leonardo Campos.


Como cinema, Uma Manhã Gloriosa é cheio de convencionalismos. Clichês abundantes, situações arrumadinhas demais para fazer as coisas acontecerem, no entanto, não deixa de ser uma narrativa inspiradora e com doses generosas de entretenimento. Pelo lado pedagógico inerente ao processo de composição cinematográfica, o filme é um feixe de valiosas lições sobre diversos tópicos temáticos, em especial, as adversidades durante o que estabelecemos diante de nossos planejamentos de carreira, além de promover uma reflexão sobre a importância de sermos, constantemente, adeptos ao que o campo dos estudos psicológicos pegou emprestado dos físicos: a resiliência, algo que abordarei mais adiante, quando estiver no arremate desta breve, mas creio, elucidativa análise. Dirigido por Roger Mitchell e escrito por Aline Brosh McKenna, a produção flerta com as novas etapas no cotidiano de Becky (Rachel McAdams), uma jovem produtora de TV que se dedica ao máximo na emissora em que trabalha, mas é demitida por cortes no orçamento, mesmo após se dedicar cabalmente ao seu trabalho diariamente.

Após o banho de água fria na emissora onde se entregou tanto, Becky ainda precisa ouvir se sua mãe algumas palavras não exatamente animadoras. Ela começa uma saga de envio de currículos diariamente, ainda desacostumada com a vida de desempregada. Sua casa, um reflexo do trabalho, é cheia de monitores, um desdobramento do seu cotidiano profissional modificado, agora com um novo desafio, depois que recebe o convite para trabalhar no Day Break, um programa diário com baixos níveis de audiência. Ao chegar, Becky é desmotivada pelo chefe realista, interpretado por Jeff Goldblum, tendo que comprovar as suas habilidades e competências diante de uma equipe problemática. Ao perceber os testes constantes, ela começa tomando algumas decisões difíceis, em especial, a demissão do âncora Paul McVee (Ty Burrel), um assediador e arrogante jornalista. A sua postura é vista com admiração.


Isso é o começo da guinada com resultados positivos, mas caminhada bastante desafiadora. Colleen Peck (Diane Keaton) se posiciona inicialmente com estrelismo, mas se torna uma colaboradora de Becky. O grande desafio é o novo âncora. Focada em contratar Mike Pomeroy (Harrison Ford), um admirado jornalista com carreira renomada, ainda sob contrato na emissora, mas arruinado por problemas pessoais. Ele não aceita se “vender” ao tipo de programa no qual a produtora pretende arrasta-lo. Indo sob condições contratuais, assume o posto ao lado da personagem de Keaton, mas não sem causar uma série de problemas. Desafiada a levantar os índices de audiência para o programa não ser cancelado, a protagonista precisará lidar com o baixo orçamento, o ego de Pomeroy, numa trama que flerta com tópicos sobre transição de carreira, tolerância, paciência, persistência e, como já mencionado, resiliência.


Com uma equipe técnica eficiente, Uma Manhã Gloriosa consegue se dar bem no quesito visualidade, entregando aos espectadores uma trama que dialoga bem com o contexto em que se insere. Destaque para o ótimo design de produção de Mark Friedberg, em especial, nos espaços que compõem o ambiente de trabalho de Becky, inicialmente caótico, cheio de deficiências e a “cara” do status do programa, isto é, uma produção de baixa audiência e, por isso, sem um adequado espaço para funcionamento das coisas. Também eficiente, a direção de fotografia cria planos, quadros e movimentos envolventes, como por exemplo, a cena de abertura que nos apresenta um encontro amoroso frustrado para Becky. A empolgante trilha sonora de David Arnold colabora com o estabelecimento do tom cômico e trágico de algumas passagens ao longo dos 107 minutos deste filme “morno”, mas deliciosamente divertido.


Ademais, a narrativa também é sobre resiliência, um termo originado da física que expõe a propriedade de alguns corpos em retornar ao seu formato original após terem se submetido ao processo de deformação elástica. No âmbito da psicologia, o termo designa a capacidade que alguns indivíduos possuem de lidar com determinados problemas, adaptando-se, superando de maneira vitoriosa os obstáculos que surgem dos pontos mais diversificados. Tópicos temáticos como estresse, eventos traumáticos, dentre outros, englobam esta questão. Não adentrar pelo perigoso caminho do surto psicológico, bem como a derrocada diante do esgotamento físico e emocional delineiam o potencial de uma pessoa com a “resiliência” em dia. É lidar de forma positiva com situações que nos tiram do foco, que desequilibram o nosso emocional. O cinema, como uma arte da representação, encontra em Uma Manhã Gloriosa uma protagonista carismática e capaz de nos fazer refletir sobre este tema bastante debatido, mas necessário.


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