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Planejamento de Carreira em Perspectiva: Análise do filme Pegando Fogo

Um chef de cozinha talentoso e autodestrutivo busca redenção e equilíbrio emocional enquanto luta para reconstruir sua carreira em meio a adversidades e vícios

Um filme com belas imagens, história de superação, adornado por trilha sonora emotiva, conteúdo que embasa uma discussão que durante a contemplação da narrativa, veio à tona em diversos momentos: a importância da inteligência emocional em nossas práticas cotidianas. E não, este não é um papo de redes sociais sabe? É o que muita gente pensa quando adentramos nestes clichês necessários. Pensar como agir inteligentemente para lidar com nossas emoções mais básicas é algo que reflete a sobrevivência da humanidade em um mundo cada vez mais transformado por tantas coisas. Eis a lição de Pegando Fogo, uma trama do campo da gastronomia, seguimento da comédia e do drama que geralmente trabalha com mudança de perspectiva, valorização da vida, foco para lidar com adversidades, dentre tantos outros tópicos temáticos. Dirigido por John Wells e escrito por Steven Kinght, o filme traz o competente Bradley Cooper como protagonista: ele é Adam Jones, um chef de cozinha com temperamento difícil e problemas vertiginosos com as drogas, situação responsável pela ruína em sua carreira.


Ele desempenha o típico personagem complexo, cheio de manias, perfeccionista e de pouca inteligência emocional, sempre aturdido pelas suas inseguranças. Na cozinha, é o talento representado pela figura humana. Mas também é alguém apodrecido pelo comportamento explosivo, um agressor quando as coisas não funcionam dentro de suas expectativas, em linhas, gerais, um personagem ideal para os adeptos da cultura do cancelamento. Misógino, grosseiro, egoísta e sem qualquer traço de sensibilidade. Adam Jones é o heterossexual branco que possui todos os privilégios dentro de uma sociedade racista, opressora, estruturalmente problemática. Durante o filme, no entanto, ele vai ter a sua chance de se redimir, buscar o perdão e se reajustar dentro de suas emoções conturbadas. Mesmo que as escolhas para isso não sejam suficientes no bojo da narrativa, ainda assim a produção funciona como uma boa reflexão.


Com direção de fotografia de Adriano Goldman, Pegando Fogo foi apontado pela crítica e público, em sua época de lançamento, 2015, como o filme de imagens instagramáveis. Tudo muito estiloso, elegante, encenado, ideal para pôr a mesa e satisfazer os clientes dos restaurantes onde Adam Jones tenta se reestabelecer. Tais recursos ganham a colaboração do design de produção de David Grapman, também eficiente na composição dos espaços por onde circulam os personagens. Rob Simonsen entrega uma textura percussiva amena, capaz de embalar sem distrações os conflitos dramáticos deste filme sobre um chef de cozinha em busca de resgate da carreira, devastada por falta de equilíbrio e envolvimento danoso com todo tipo de drogas e bebidas. Suas relações foram cortadas com amigos, parceiros de negócios, familiares. Enfim, uma trajetória de destruição com complexa possibilidade de ajuste.


Isso é Pegando Fogo. A busca por essa reconstrução, desenvolvida ao longo de 101 minutos. Antes, ao ler sobre, imaginei uma associação com os debates sobre inteligência emocional. Durante a sessão, pude confirmar minhas impressões e, depois de assistir por completo, chegaram os complementos, pois a narrativa foi conferida em associação com o que Daniel Goleman enquanto considerações sobre o assunto. O livro deste autor, lido durante o período, foi de grande contribuição para entender a temática em associação com o filme, uma narrativa imperfeita dramaticamente, mas com seu valor estético e de reflexão. Antes de encerrar esta breve análise da narrativa, apresento algumas ponderações sobre inteligência emocional, para explicar melhor a sua associação com o filme. Vamos nessa?


Apesar de não ter sido o criador do termo, Daniel Goleman é um dos mais conhecidos. Sua publicação dos anos 1990 se tornou um best-seller e, traduzido para mais de 40 idiomas, ganhou espaço em debates organizacionais, acadêmicos, dentre outros. Para este autor, a Inteligência emocional é a nossa capacidade de gerenciar os nossos sentimentos, saber lidar com as nossas emoções em situações específicas. É o treino da nossa mente, pois apesar de que não somos capazes de controlar as coisas em gravitam em torno de nossas existências, podemos ter controle diante de como reagimos, direcionando os nossos pensamentos. É algo que falta não apenas para Adam Jones, mas em muitos momentos, para nós todos. Ter inteligência emocional é saber a hora de pausar antes de agir, responder ou falar, é controlar os ímpetos e refletir sem cair em distorções. Leitura corporal, não verbal, também são recursos para aplicação da inteligência emocional. É saber se comunicar, sem violência, saindo de espirais que ao estilo Adam Jones, figura perturbada e perdida, em busca de solução para significar sua existência.




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