Perigo no transporte por aplicativo

Cerca de 97% das mulheres afirmam terem sido vítimas de assédio em transportes públicos e privados no Brasil.

Foto: Luanna Bispo

Os transportes por aplicativo conquistaram a população brasileira, essa popularidade se dá pela praticidade e o preço justo em ter uma condução particular rápida e confortável. Na teoria, trazendo uma segurança maior a quem utiliza em comparação com os transportes públicos, mas na prática, tem causado medo nas usuárias devido o crescente aumento dos casos de crimes de assédio, assaltos e até sequestros.

Segundo o Instituto Patrícia Galvão, que trabalha com a qualificação da cobertura jornalística sobre questões críticas que envolvam violações dos direitos das mulheres brasileiras, cerca de 97% das mulheres afirmam terem sido vítimas de assédio em transportes públicos e privados no Brasil. Crimes como sequestro, latrocínio e assédio já foram transmitidos pela mídia, o que causa um alerta em quem costuma utilizar o serviço.

Melissa, 24, estudante de direito, teve a rota de uma de suas viagens modificada com a desculpa de que seria um atalho mais rápido para chegar ao destino final. A jovem protestou ao notar a mudança, mas o motorista não se mostrou preocupado e fez pouco caso da situação. Após o ocorrido, Melissa denunciou o motorista no aplicativo e salienta que, desde então, compartilha suas viagens com parentes e pessoas de confiança, pede para ir por caminhos conhecidos por ela e sempre senta no banco de trás do motorista para dificultar qualquer tipo de assédio.

Lavínia, 21, descreve uma das suas viagens como “aterrorizante” após protagonizar o novo “crime do momento”, o golpe do gás, que consiste em uma substância dopante que é exalada no ar dentro do veículo, a fim de deixar a vítima inconsciente.Conforme relato, após o gás ser espalhado pelo ar a sensação de desmaio veio à tona e ela percebeu do que se tratava.

A vítima conta que escapou bem, pois já estava ao final da corrida, mas deixa o alerta para as mulheres que costumam usar os serviços: “Sempre fiquem atentas, não se distraiam com o celular e mantenha as janelas do veículo abertas”.

Os sobrenomes foram ocultados para preservar a integridade das fontes.

Posicionamento da Uber

Informações disponibilizadas no site da Uber, uma das maiores empresas de transporte por aplicativo do mundo, e onde ocorreram os fatos citados nesta reportagem, relata que a empresa “entende que as mulheres têm o direito de ir e vir com segurança, mas também tem ciência de que o cenário de violência do Brasil traz desafios e impacta sua mobilidade pelas cidades”.

Como medidas de segurança a Uber cita algumas providências que vem tomando para evitar o acontecimento recorrente dos casos:

● Canal de suporte psicológico

A Uber conta que expandiu o canal de suporte psicológico voltado para usuárias (os) e motoristas parceiras (os) da empresa com o MeToo. A empresa afirma que segue acolhendo sobreviventes de violência sexual. O plantão atende também vítimas de condutas discriminatórias baseadas em raça, identidade de gênero, orientação sexual, expressão de gênero, intolerância religiosa, capacitismo, entre outras.

● “Golpe do gás no Uber”

A empresa mediou duas atividades: uma sobre o aumento da sensação de insegurança a partir da desinformação, outra sobre violência contra a mulher. A instituição também apoiou a última edição do Selo FBSP de Práticas Inovadoras no Enfrentamento à Violência contra Meninas e Mulheres, que reconhece experiências desenvolvidas pelos profissionais de segurança pública e do sistema de justiça.

Selo FBSP: Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

● Assistente Virtual

Ângela é uma assistente virtual criada para auxiliar mulheres vítimas de violência doméstica, disponibilizando códigos promocionais para viagens gratuitas no aplicativo da Uber ao longo do ano. Além disso, a Ângela também passou a ser um recurso que orienta pessoas que querem ajudar outras mulheres que estejam passando por uma situação de violência.

● Divisórias de Pet

A Uber disponibilizou divisórias de proteção de PET de forma gratuita para motoristas mulheres. Essa camada adicional de proteção foi implementada no começo da pandemia com os Centros de Higienização em várias capitais brasileiras visando a saúde, mas aprendeu que ela traz ainda mais tranquilidade para as mulheres, então, durante o segundo semestre, ela foi oferecida gratuitamente para as parceiras e com isso aumentaram em cinco vezes a quantidade de instalações.

Declaração da Polícia Militar

Em nota, o Tenente da Polícia Militar, Luidi Souza, 54, enfatiza a importância de prestar um boletim de ocorrência. Acionando a Polícia Militar através do telefone de emergência 190 e informando a empresa responsável pelo serviço, ao ser vítima de algum crime em transportes por aplicativo. Apenas assim os casos podem ser contabilizados e a atenção voltada para os crimes terão maior visibilidade.

Após relatos das vítimas e conselhos da empresa e da própria PM, separamos um guia com 5 DICAS DE COMO TER UMA VIAGEM POR APLICATIVO MAIS SEGURA, com o objetivo de reduzir os riscos de suas futuras viagens.