Madonna incorpora elementos do cinema e da música em sua obra, demonstrando uma intertextualidade rica e utilizando técnicas de metalinguagem, como paródia, paráfrase e pastiche
Madonna sempre quis ser atriz. Essa foi a sua proposta inicial ao sair de Detroit para Nova York no desfecho dos anos 1970. Fez carreira como cantora, onde se estabilizou, mas não deixou de emular o cinema em diversos videoclipes ao longo de sua carreira. Descrevo isso no artigo publicado no ano anterior Madonna Vai ao Cinema, uma adaptação do livro Madonna Múltipla, de 2015, primeiro exemplar de uma trilogia intitulada Tempo Crítico. No material, analisei as referências aos filmes Os Homens Preferem as Loiras, Metropolis, A Espera de Mr. Goodbar em Material Girl, Express Yourself e Bad Girl, respectivamente, além de processos metalinguísticos em Hollywood e Vogue, videoclipes que citam clássicos hollywoodianos e características do cinema noir. Agora, chegou a vez de observarmos como Madonna também foi material potencial para referências do cinema e das séries ao seu esquema de produção dos anos 1980 aos dias atuais. Seja no título de algum filme ou numa música sua reinterpretada por personagens, a artista é uma figura de forte legado e impacto cultural inegável até mesmo para aqueles que não curtem as suas realizações ao longo de praticamente quatro décadas de transformações.
Na abertura da comédia musical Walking on Sunshine, lançada em 2014, temos um número com Holiday, interpretado pela atriz Hannah Arterton, dirigida por Dania Pasquini e Max Giva, responsáveis por orquestrar a música pop que serve como base para a produção escrita por Joshua St Johnston. No filme irregular, mas com alguns pontos bem divertidos, ela parte de sua casa para o interior da Itália, uma região idílica que permitirá o seu reencontro com amigos antigos e um amor que ficou para trás pelas fronteiras geográficas, mas não esquecido, parte de sua memória. No capítulo 14 da quarta temporada de Grey’s Anatomy, a personagem de Sandra Oh, Christina Yang, canta Like a Virgin para relaxar durante um procedimento bastante arriscado. A cena bastante humorada traz a médica obcecada pela área cardíaca cantarolando e sendo irritantemente acompanhada por uma residente mais jovem. Ao leitor, antes de passarmos para o breve panorama teórico que explica como a metalinguagem se estabelece, seguido de alguns filmes e séries que emulam Madonna, são apenas alguns momentos que resgatam o legado da artista pop. Não pretendo esgotar o referencial aqui, mas apenas mapear e analisar.
Caso você, ao longo a leitura, identifique outras referências, fique atento ao que peço gentilmente lá no desfecho. Combinado?
Pastiche, Paródia e Intertextualidade para Compreender a Metalinguagem em Madonna
A linguagem falando da própria linguagem e seus processos de produção. Assim é a metalinguagem. Um livro introdutório que nos ajuda bastante na compreensão desta figura é a publicação da pesquisadora e especialista Samira Chalhub. Em A Metalinguagem a autora afirma que a função metalinguística pode ser percebida quando, numa mensagem, é o fator código que se comporta como referente, isto é, a função meta, sinteticamente, centraliza-se no código, sendo o código falando do código, linguagem sobre linguagem. Desta maneira, a metalinguagem se configura como a linguagem da linguagem, uma leitura relacional, com relações de pertencimento, pois implica um sistema de signos de um mesmo conjunto, apontando referências para si, estruturando explicativamente a descrição de um objeto.
Como definir? Fácil: o filme falando sobre o processo de produção, um personagem de um romance que começa a dialogar com o leitor, uma pintura ilustrando o ofício de um pintor, uma música remetendo-se a si ou ao processo de composição. Todas essas possibilidades ilustram o processo de metalinguagem, tal como Madonna, no terreno dos videoclipes, referenciando o cinema em diversas produções, desde o clássico expressionista Metropolis, de Fritz Lang, em Express Yourself, ou Os Embalos de Sábado a Noite, em Hung Up. A metalinguagem indica uma espécie de perda da aura, pelo fato de esta dessacralizar o mito da criação, colocando em exposição o processo de produção da obra, afinal, no passado, o público contemplava a arte de forma passiva. As coisas que aconteciam nos bastidores não apareciam em cena, eram ocultadas do espetáculo. Quando as cortinas eram abertas, tudo estava pronto para ser encenado, tocado, apresentado. A obra, então, ofertava-se ao público assistente, ocupando o posicionamento passivo na plateia. Na contemporaneidade, segundo Chalhub, esta situação mudou.
Hoje o público não é mais passivo, pode ser incorporado ativamente como colaborador-leitor dentro do espaço da linguagem. Isso se deve às novas descobertas da linguagem, passíveis de serem reproduzidas. Sendo assim, o que era único e aurático, sacralizado, não tem mais como assim se manter. Conforme traz Samira Chalhub, a metalinguagem, como traço da modernidade, é o desvendamento do mistério, mostrando o desempenho do emissor na sua luta com o código. Para a especialista, a metalinguagem ensinou que é possível o diálogo entre vários códigos. Aludir ao processo criador, ao poeta, a termos técnicos de expressão são invenções críticas da sociedade pós-revolução industrial, como uma espécie de fermento metalinguístico. O emissor, quando atua conscientemente com a ferramenta de trabalho, apostando na metalinguagem, ocupa o lugar do leitor. Ainda nas palavras de Chalhub, há germinação metalinguística quando um produto procura falar sobre o próprio código, de forma estrutural, ou falando e demonstrando.
O videoclipe, por exemplo, não é um texto solitário. A intertextualidade é uma forma de metalinguagem, com a qual se toma como referência uma linguagem anterior. Esta afirmação da especialista nos remete ao que T.S. Eliot, no âmbito dos estudos literários de língua inglesa, diz sobre o fato de que ninguém escreve sozinho, afinal, ao escrever, aciona todo um acervo. Como ilustração destas informações, no espaço de outras produções artísticas, podemos apontar os filmes de suspense, de Brian De Palma, que buscam uma construção narrativa muito próxima aos trabalhos de montagem estabelecidos nos filmes de Alfred Hitchcock, e até mesmo Madonna, nosso objeto em questão, foco da análise desta artigo panorâmico, artista que acionou todo o campo da produção de videoclipes anteriores a sua geração, reformulando-os, pois mesmo inovando, recorreu às estruturas concebidas por seus antecessores, como Queen e The Beatles, bem como do seu contemporâneo Michael Jackson.
Outra consideração teórica oriunda do campo dos estudos literários e que permite um diálogo bastante ilustrativo sobre a relação de metalinguagem é O Trabalho da Citação, de Antoine de Compagnon. O estudioso diz que a citação é um processo de leitura e escrita, pois, ao mesmo tempo em que escreve, o escritor, em nosso caso, a artista do videoclipe e da música, une também o ato de leitura. Assim, a reescrita se concebe como devir do ato de citação. Ao produzir, o artista recorre ao processo de input de toda a sua vida, tal como Madonna fez ao longo de sua trajetória expressiva no campo de produção dos videoclipes dos anos 1980 aos dias atuais. Para fechar esse tópico teórico introdutório, creio ser necessário trazer uma breve consideração sobre paródia, paráfrase e pastiche, assunto refletido em outro ótimo livro introdutório de um pesquisador brasileiro, Affonso Romano de Sant´anna, autor de Paródia, Paráfrase & Cia. Em seu texto, o autor destaca que a paródia é um efeito metalinguístico, e que, diferente da paráfrase, que é pró-estilo, surge como efeito contra-estilo.
Sendo assim, a paráfrase surge como um desvio mínimo do texto base, enquanto a paródia como o desvio total, numa perspectiva talvez mais abrangente. No videoclipe Material Girl, dirigido por Mary Lambert, em 1985, Madonna interpreta a sua canção com base numa cena do filme Os Homens preferem as loiras, de Howard Hawks, uma das comédias mais famosas de Marilyn Monroe. Ao repetir o cenário do número musical Diamond are a girl´s best friends, bem como o figurino e alguns trechos do roteiro do filme, Madonna realiza um exercício de linguagem, que, nas palavras de Sant´anna, dobra-se sobre si mesma, como num jogo de espelhos. Exercitando uma paródia do filme, a artista deforma o texto “original”, subvertendo os elementos estruturais e o sentido. Neste jogo que dialoga com a paródia e a paráfrase, é possível perceber também a presença da apropriação, ação comum da arte pop, espaço onde encontramos a reunião de materiais diversos disponíveis no cotidiano, buscando a confecção de um objeto artístico.
A apropriação não pretende reproduzir, mas produzir algo diferente com base naquilo que é retroalimentado. Madonna, ao longo da sua carreira, procurou exercitar a apropriação, a paródia e a metalinguagem, dialogando com elementos da linguagem cinematográfica, das artes plásticas, da fotografia e de variados campos, como a filosofia, a religião e a política.Durante estes exercícios com a linguagem, o artista se encontra dentro de um feixe de variadas possibilidades textuais: ao parodiar o próprio texto, realiza a intratextualidade, ou auto textualidade, como expõe quando este reescreve a si mesmo. No processo de paródia ao texto alheio, realiza a intertextualidade. Madonna, principalmente no campo do videoclipe, utilizou todas estas modalidades de exercício com a linguagem, como veremos mais adiante, ao parodiar o texto alheio, como Material Girl, bem como a paródia a si própria, reescrevendo-se, como no videoclipe Hollywood, produção em que a artista reinterpreta alguns momentos da sua carreira nos anos 1980-1990, repensando os seus sucessos, como Vogue e Erótica.
A paródia, então, pode ser considerada um filho rebelde, um espelho invertido, exagerando, como numa lente, os modos, algo parecido com o que se faz na charge e na caricatura. Estas afirmações são oriundas de interpretações gerais do livro de Affonso Romano de Sant´anna, que ainda afirma que, sendo uma religião, a paródia é parricida, pois mata o “texto pai” em busca de uma possível diferença, instaurando o conflito, expulsando, de certa forma, a linguagem do seu espaço celestial. Contudo, não é só de paródia e intertextualidade que o texto de Madonna se configura nas malhas do videoclipe, pois também há pastiche, termo que se define pelo processo de junção de pedaços de diferentes partes de um ou vários artistas para compor uma obra. Como estamos num espaço de escrita da metalinguagem, apresento-lhes alguns exemplos de paródia e pastiche, estes envolvidos na seara da produção cultural de Madonna, para manter-me dentro do objeto selecionado para estudo. Em sua carreira de forte legado e impacto cultural, a artista constantemente referenciou o cinema, mas também teve o cinema e referenciá-la, como veremos no tópico seguinte, um panorama sobre filmes (e séries) que trouxeram Madonna como citação para o estabelecimento de suas narrativas, em trechos ou na concepção geral.
Madonna em Perspectiva
A seção foi dividida em três tópicos: pastiche em Moulin Rouge, os filmes que cantam e dançam Madonna e as questões de gênero e sexualidade, fechamento do artigo. Boa leitura!
Satine, Um Pastiche com Madonna: o musical Moulin Rouge – Amor em Vermelho, dirigido por Baz Luhrmann, com base no roteiro escrito em parceria com Craig Pearce, é uma produção que marca o retorno dos musicais, gênero enfraquecido e um pouco esquecido, com alguns lampejos de criatividade durante os anos 1980-1990, mas nenhuma obra-prima marcante. Na história, acompanhamos por meio de uma atmosfera kitsch, barroca e excessivamente complexa, a trajetória romântica do poeta Christian (Ewan McGregor) e da cortesã Satine (Nicole Kidman), personagem multifacetada e com traços que lembram o perfil de Madonna no videoclipe no desempenho nos palcos. Os dois se apaixonam após uma série de trapalhadas, mas não podem levar o romance adiante, pois Satine está destinada aopoderoso Duque (Richard Roxburgh), mecenas da arte que decide investir na casa noturna, transformando-a num teatro, se, o seu dono, Harold Zildler (Jim Broadbent), conceder Satine como cortesã exclusiva.
A história, que dialoga com musicais de Bollywood, culturas orientais e ocidentais em contato frenético, além da condução musical que mescla elementos estruturais e danças de mundos distintos, tais como a ópera, o pop, o rock e o tango, dentre outras, traz também características da literatura, em especial, A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, a referência de maior destaque. No texto fílmico, Satine é uma personagem múltipla. Multifacetada, segundo o diretor em entrevistas para o DVD de extras do musical, ela é uma mistura de Marilyn Monroe, Marlene Dietrich, Greta Garbo e Madonna. Os realizadores tiraram um pouco de cada personalidade e construíram um novo produto, Satine, o Diamante Cintilante do Moulin Rouge. Diante do exposto, temos o pastiche que evoca Madonna, não apenas na composição de características da personagem, mas na ação da figura ficcional que também entoa um trecho da canção Material Girl em seu número de abertura. Mais adiante, o Duque e Harold Zildler, num momento de trapalhadas, cantam juntos uma versão de Like a Virgin, trazendo para a cena não apenas a letra, mas referências do videoclipe e das performances de Madonna com a música.
Vamos cantar e dançar Madonna? Em O Diário de Bridget Jones 2: No Limite da Razão, dirigido por Beeban Kidron, a divertida e atrapalhada Bridget Jones (Renée Zellweger) é presa, por engano, durante uma viagem para a Tailândia. No cárcere, faz amizades com as prisioneiras, principalmente por ajudá-las a cantar adequadamente Like a Virgin, canção que as mesmas não sabiam articular adequadamente. Essa que se tornou uma das músicas mais famosas da fase anos 1980 da artista esteve também como elemento do texto de Quentin Tarantino em Cães de Aluguel, uma das produções iniciais da carreira do diretor conhecido por sua perspicácia e condução bastante peculiar de narrativas. Vários personagens conversam em uma mesa no começo do filme, dizendo que a música é sobre uma garota que gosta de homens dotados. Com diversas alegorias que renderam teorias e debates entre críticos e público, o trecho em questão gerou assunto mais adiante, quando Madonna encontrouTarantino no lançamento de um filme do diretor Spike Lee, entregando-lhe uma cópia do álbum, autografada, com a seguinte dedicatória: “é uma música sobre o amor, não sobre paus”. Tarantino, inclusive, foi provocado a dirigir o videoclipe Gang Bang, canção do álbum MDNA, mas a ideia não foi adiante.
Uma divertida e interessante referenciação ocorreu no episódio A Taberna do Moe, da família animada mais famosa da televisão, Os Simpsons. No roteiro, o personagem Waylon Smithers, assistente do Sr. Burns, assume a sua homossexualidade e declara a paixão pelo chefe. Homer decide transformar o bar em um pub gay, já que este estava nas últimas, e, numa determinada cena, todos coreografam Vogue. Em outro momento da série, desencantados com a política estadunidense, os habitantes de Springfield decidem abolir a democracia, dizendo que deveriam aderir à ditadura de Juan Perón, uma vez que ele era esposo da Madonna, numa referência direta a participação da artista no musical Evita, de Alan Parker. Citadas em outras passagens da longeva série, Madonna também foi texto para um episódio de Glee exclusivo sobre a sua produção musical, além de ser referência musical e visual no episódio Diva, da quarta temporada. The Power of Madonna, exibido em 20 de abril de 2010, teve direção de Ryan Murphy e pode ser considerado um dos momentos mais engraçadinhos e atraentes de toda a série.
O episódio começa com a personagem Sue a escrever em seu diário. Nas anotações, ela destaca que anotando que Madonna a inspirou. Pede desculpas a Angelina Jolie e Catarina – A Grande, dizendo que Madonna é a mulher mais poderosa que já pisou na terra. Na tentativa de inspirar os alunos, a instrutora decide colocar as músicas da cantora para tocar nas caixas de som do corredor da escola. Além desse eixo, o roteiro cria mais dois núcleos narrativos: as meninas com o dilema da virgindade, buscando na conselheira da escola apoio para a nova fase que estava por se descortinar, sem saber estas que a conselheira também é virgem e não sabe nada sobre sexo, além do grupo principal, de Will, personagem que decide levar Madonna para o próximo ciclo de produções musicais e apresentações na escola. Ao falar sobre a artista para os alunos, o professor deixa claro que, culturalmente, as músicas da musa pop vão além, porque geralmente falam sobre força, independência e confiança, não importando o sexo, com mensagens que, no geral, gravitam em torno das reflexões sobre a igualdade entre as pessoas. Dentre os números musicais cantados, temos Open Your Heart, Borderline, Like a Virgin, Like a Prayer, Vogue e 4 minutes, todos executados no mesmo nível (ótimo) de qualidade.
Madonna e Questões de Gênero: Like a Virgin, dirigido por Lee Hae-Young e Lee Hae-Jung, é uma produção que aborda o mundo de um adolescente que sonha em juntar dinheiro para fazer a sua cirurgia de troca de sexo. A sua musa inspiradora é Madonna, num filme que toca em temas sensíveis como multiculturalismo, identidade e pulsões sexuais, tópicos abordados por Madonna em vários momentos da carreira. Natrama, Oh Dong-ku (Ryu Deok-Hwan) é um jovem estudante devoto da cantora Madonna. Insatisfeito com a sua condição masculina, ele mora com o pai, um alcoólatra em conflito consigo mesmo. Sua mãe (Sang-ah Lee) deixou a família há tempos, temendo ser vítima da violência oriunda da agressividade do pai, trabalhando como animadora num parque de diversões. Viver uma relação amorosa com outro homem não é o único desejo do rapaz, figura ficcional que almeja outras conquistas, ainda mais complexas: a cirurgia de transição, um novo passo para a sua transformação de identidade. Em vários momentos da produção, o protagonista apresenta os seus anseios em se como mulher, viver como uma, bailar nas boates ao som de Like a Virgin,colocando em prática algo que até então, é algo vivido intensamente apenas em seus momentos de fantasia. É a partir desta vontade que partimos para um novo ato da trama: a busca pelo dinheiro para realização da cirurgia de troca de sexo.
Inicialmente o jovem passa os dias carregando caixas num porto para conseguir o dinheiro, partindo logo depois para um campeonato de ssireum, modalidade de arte marcial coreana. Apesar de rejeitado inicialmente, o garoto consegue dar a volta por cima, surpreendendo a todos e ganhado espaço necessário para realizar os seus desejos. A escolha de Madonna como objeto de devoção do rapaz parece não ter sido aleatória: ícone pop com mais de três décadas de carreira, a cantora forjou a identidade diversas vezes só na década de 1980, vestindo personagens diferenciados em suas diversas turnês, causando furor por onde passava. Cabelos loiros, ruivos ou negros. Curtos, longos ou encaracolados. Advogada, masoquista e mãe. São diversas personagens e trocas de identidade, aliadas a confusão entre a Madonna real e a ficcional. A sua lógica capitalista da troca de identidade reflete no filme, uma narrativa cativante que nos mostra um jovem atrás do seu lugar na sociedade, preso a um corpo que não representa aquilo que a sua alma tanto anseia. Outra produção da mesma época que cita Madonna em questões de gênero é a arrebatadora comédia dramática Elvis e Madona, de Marcelo Laffitte. No filme, a travesti cabelereira e artista dos palcos, interpretada por Igor Cotrim, traz o visual da cantora na era Confessions, além do nome artístico e do desejo de se apresentar nos palcos como fermentação metalinguística da ousada narrativa sobre uma lésbica entregadora de pizza que começa uma amizade com a travesti, relação que depois se aprofunda, causando polêmica entre os conhecidos do casal e estabelecendo fortes debates para o público espectador.
No artigo anterior, observamos panoramicamente como Madonna foi várias vezes ao cinema. Agora, tivemos a oportunidades de observar como o cinema e a ficção audiovisual em várias situações foi até Madonna. Você, caro leitor, lembra de alguma referência não mencionada por aqui? Se possível, deixe o seu comentário, combinado?
Sensacional esse texto.