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Foto do escritorKeilla Lima

Cortes na verba escolar põem lancheiras em riscos

Orçamento de 2023 prevê um corte de 97,5% e presume apenas R$ 2,5 milhões para “implantação de escolas para educação infantil”


Imagem: Fundo Nacional de Educação (FNDE)

A formação de aprendizado e socialização, transforma a vida de muitos jovens. Para essas pessoas que pertencem a esse grupo a ida a escola diz muito sobre sua realidade. A alimentação escolar também é parte do aprendizado e elemento essencial do desenvolvimento do seu futuro.


Nos últimos anos, o Brasil vinha avançando, lentamente, no acesso de crianças e adolescentes à escola, mas a defasagem gerada pela pandemia ocasionou em grandes perdas. Segundo a Unicef, em 2019, quase 1,1 milhão de crianças e adolescentes em idade de escolaridade obrigatória estavam fora da escola no Brasil. A maioria deles eram crianças de 4 e 5 anos e adolescentes de 15 a 17 anos. Essa circunstância se agravou e é responsável pela desconformidade gerada pelo Estado, pois afeta grupos sociais desamparados, pobres e pretos.


Em recente publicação a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) informa que a Hospitalização de bebês por desnutrição atinge pior nível dos últimos 13 anos. Essa análise é realizada em bebês com menos de um ano, onde muitas mães optam por colocar em berçário para que possam trabalhar. A Lei Nº 11.947 assegura uma alimentação de qualidade para todos que estão inseridos na rede educacional pública. “O emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis...”.


Enquanto as crianças retornam à rotina de estudos, foram realizados cortes na verba destinada à educação. A liberação do orçamento de 2023 prevê um corte de 97,5% e presume apenas R$ 2,5 milhões para “implantação de escolas para educação infantil”. Sem estrutura, sem saneamento, sem qualidade, sem alimentação. Dessa forma as crianças do país, que não têm acesso ao ensino privado, crescem com a desigualdade tanto no ensino, como em qualidade de vida que prejudica o acesso às universidades no futuro, e na prospecção de melhoria de vida.


Imagem: Agência Brasil


O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) oferta ações de planos alimentares saudáveis para o desenvolvimento biológico,

psicológico, social, na aprendizagem e rendimento escolar. Em contato com a nutricionista e pós-graduada em nutrição escolar e nutrição pediátrica, Maria Alicia, podemos compreender a importância na prática da implementação de uma alimentação de qualidade. Ela cita sobre o processo de elaboração do plano alimentar e a importância de medidas em prol de um pensamento social.


“Os cardápios geralmente feitos por nutricionista do PNAE eles trocam quinzenalmente ou mensalmente, mas eu elaborei uma técnica de cardápios semanalmente justamente para que as crianças não venham a enjoar do que é oferecido no cardápio. Então um cardápio que tem uma troca semanalmente a probabilidade de a criança não enjoar é muito maior do que o cardápio que fica na escola de quinze dias a um mês”.


Vídeo do produtor de conteúdo @walber___carvalho, disponível na plataforma TikTok.


A nutricionista explica como funcionam os serviços do PNAE e ainda acrescenta a importância de uma alimentação saudável com base na realidade social das crianças e adolescentes. “O PNAE proibiu açúcar para crianças menores de 2 anos, ou seja, crianças de creche não podem comer nada que contém açúcar. Só que eu, enquanto profissional, sou contra isso, porque eu sei que a realidade dessas crianças é totalmente diferente.”. Maria Alice ainda acrescentou. “É importante que a mudança ocorra de forma natural até por muitas delas não possuírem alguns tipos de alimentos em casa.”


Regularmente, profissionais da área educacional pública lidam com a associação do rendimento escolar dos estudantes ao meio em que se vive. É necessário um trabalho em conjunto entre profissionais, Município e Estado, para que essa carência seja sanada. A garantia de acesso à educação está prescrita na constituição brasileira de 1988 e, desde sua atualização, permanece como exercício da cidadania.


A profissional acrescenta: “O orçamento que é repassado pelo o PNAE muitas vezes não é suficiente para manter esse cronograma alimentar. Para a creche que a criança fica o dia todo, fazem o lanche, almoço e outro lanche, o valor é maior. Já para a escola que a criança e adolescente só fazem uma refeição, que é o lanche, o valor disponibilizado não é o mesmo. Então com esse orçamento, não conseguimos fazer uma compra de qualidade e variedades, mas com o apoio da prefeitura na ajuda dos custos a gente consegue fazer uma compra com qualidade satisfatória, que faz com que as crianças tenham uma aceitabilidade maior dos alimentos. Porque se fossemos depender somente do PNAE acaba que teria que ser aquele tipo de lanche pronto”.


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