Encantando multidões nas ruas há 15 anos, Carla Marques e Igor Sant'Anna brilham no Picadeiro Urbano
Carla Marques, de 36 anos, e Igor Sant'Anna, de 42 anos, formam um adorável casal de palhaços soteropolitanos que, há quinze anos, encarnam os personagens Didi Siriguela e Caxambó no mundo da palhaçaria.
Além de embarcarem nessa longa jornada juntos, eles também construíram uma família com três filhos: Luan, de 13 anos, Rosa, de 8 anos, e Luiz, de 5 anos. Nesse contexto, eles decidiram fundar a Cia Pé na Terra, um projeto que envolve todos os membros da família.
Através da Cia Pé na Terra, Carla, Igor e seus filhos colaboram e participam ativamente da arte da palhaçaria. Juntos, eles exploram e compartilham a magia da comédia, trazendo alegria e diversão para o público.
Início da parceria
Carla e Igor se conheceram durante um curso de formação de palhaços em 2007, e desde então se juntaram formando uma química perfeita dentro e fora dos palcos. Neste caso, o palco deles é a imensidão das ruas, onde arrancam sorrisos, fazem adultos relembrarem a doce infância e brincam com as fantasias da garotada que vai prestigiar um belo espetáculo circense sem lonas e sem tendas, formando um verdadeiro picadeiro urbano.
O casal vem mostrando sua arte e encantando a todos, demonstrando o talento deles pelas ruas e praças de nossa cidade, ratificando que não existe local para apresentar a arte milenar da palhaçaria, entretendo e trazendo alegria para toda a família que vai prestigiar seus espetáculos.
Mais especificamente no dia 31 de agosto de 2008, no aniversário de Carla, foi quando eles se apresentaram pela primeira vez no Parque Metropolitano de Pituaçu, local onde eles se sentem em casa até hoje.
O espetáculo chamado “A companhia” rendeu belos frutos no Parque Metropolitano de Pituaçu desde sua estreia em 2008, dando vida aos personagens Didi Siriguela e Caxambó. No mês de setembro, o casal decidiu dar um nome para sua companhia: “Cia Pé na Terra”. O nome veio após uma apresentação que fizeram no Instituto Sócio Ambiental no bairro de Valéria, em Salvador, onde se apresentaram descalços (porque tinham esquecido os sapatos) e disseram: "Então vamos apresentar com o Pé na Terra", fazendo uma alusão aos seres humanos com os pés no nosso planeta.
Interação com o Parque Metropolitano de Pituaçu
Eles já moraram em Florianópolis (SC) e no interior daqui da Bahia, na cidade de Mucugê, mas Salvador e especialmente o Parque Metropolitano de Pituaçu tem um lugar de destaque no coração do casal.
Carla e Igor são pioneiros neste formato dentro de Salvador, os projetos deles se fixaram durante muitos anos dentro do Parque Metropolitano de Pituaçu, onde tinham um público cativo. Onde eles viram uma geração crescer e se renovar, atraindo novas gerações a acompanharem os dois.
O casal deu início ao projeto dentro do Parque Metropolitano de Pituaçu no dia 15 de dezembro de 2008. Carla e Igor se mudaram para os arredores do parque, o que facilitou as intervenções que eles realizavam aos domingos. Eles seguiram com este projeto nas ruas do parque até o ano de 2017, totalizando 9 anos de lutas, alegrias, aprendizados e muito crescimento.
Palhaçaria e educação
Além de Palhaça, Carla Marques é doula (ela é uma profissional que ampara as gestantes, antes, durante e após o nascimento do bebê) e também trabalha com alimentação natural e Igor Sant’Anna é professor e elaborou sua tese de doutorado no programa de pós-graduação em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), cujo tema foi “O palhaço educador: arte e educação para sustentabilidade nos parques de Pituaçu e Abaeté em Salvador (BA)”.
Em paralelo a isso, Igor começou a notar o grau de potência que a arte da palhaçaria tinha associada à arte de rua, e que esses dois métodos poderiam compor a educação das pessoas. Vinculado ao território, criando um novo formato de educação voltado para a comunidade.
Uma educação que foge às barreiras do convencional contribui para os processos educativos e pode ser um processo transformador dentro da comunidade. Isso se dá pela interação entre a comunidade e quem aplica o método.
Igor complementa, como a vivência real de trabalhar na rua junto com a comunidade é integrador, e que a arte da palhaçaria nos torna singulares nas vivências e experiências. E ele acredita que todo mundo carrega consigo um pouco de palhaço.
"É só a gente investigar e tirar as couraças que a gente vai encontrar essas singularidades, e a gente vivenciando e trazendo a gente começa a provocar esse efeito na comunidade e nas pessoas", declarou Igor.
Ele ainda acrescentou que é necessário ter um olhar treinado para extrair o melhor de cada um, "Como as pessoas se enxergam, quando são singulares e ao mesmo tempo tão complexas que pareçam. Essa singularidade leva a gente a conceber, a permitir e a aceitar a pluralidade dentro do ambiente em que a gente está, e isso gera uma educação muito íntegra e transformadora para a gente também!"
Período de complicação e superação
A pandemia foi o período mais complicado vivido pelo casal de palhaços, eles não conseguiam se apresentar nas ruas devido ao isolamento social, deixando eles desmotivados e com o sentimento de profunda tristeza. Mas nada melhor do que a
Companhia um do outro para se reinventar, não é?
A primeira apresentação deles em uma praça lotada chegando sem avisar e reunindo a multidão que estava no local pós-pandemia foi em novembro de 2022, quando Carla e Igor participaram do documentário “O Meu Palco é a Rua” que foi elaborado por graduandos do curso de Comunicação Social/Jornalismo/Publicidade e Propaganda da Uni FTC Salvador.
Um amigo que é estudante de jornalismo convidou eles para participarem do documentário e contarem os desafios de trabalhar nas ruas e de imediato toparam e ilustraram uma bela e riquíssima história. Desde então eles retomaram a todo vapor, com os projetos e as apresentações tanto nas ruas de Salvador quanto em outras cidades da Bahia.
Parcerias
Carla e Igor sempre foram muito ligados à formação de parcerias, eles juntamente com um amigo, criaram um projeto em 2010 chamado “Mar de Palhaços". O intuito deste projeto era dar suporte para novos palhaços trabalharem na rua, palhaços recém-formados e que não tinham habilidades para atuar na rua.
Com novas parcerias de amigos e projetos que estão saindo direto do forno, a Cia Pé na Terra tem o prazer de apresentar também seus filhos: Luan (Grockninho), que já se apresenta desde a barriga; Rosa (Burburinha) e Luiz (Chuchulinho), formando "A Família Pé na Terra". Eles estarão realizando participações especiais nesta nova fase de espetáculos dos pais e com certeza trarão alegria por onde passarem.
E os novos projetos que estão sendo elaborados pela Família Pé na Terra é “Arte no Parque” que teve início no mês de abril e cada mês terá uma programação diferente, neste mês de maio está sendo voltada para as mães. Carla está preparando uma programação toda especial para agosto, onde eles estarão comemorando 16 anos de apresentações no parque, um marco todo especial para quem vive de arrancar sorrisos de crianças.
Missão do Casal
Eles sempre pregam que a energia deles vem do público das ruas, e o encontro deles é considerado por Carla como um encontro de almas uma junção cósmica, que unem eles nesta magia que é encantar com uma arte milenar e que é tão inovadora que é arte da palhaçaria. Tendo a capacidade de tirar sorrisos espontâneos e sinceros de quem assistem eles atuando na imensidão do picadeiro urbano.
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